Jornal de Brasília – Uma reaproximação com o governador Rodrigo Rollemberg e um pedido de cassação de mandato da deputada Liliane Roriz (PTB) podem ser a chave que a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PPS), precisava para, enfim, conseguir aprovar a emenda à Lei Orgânica que garante o direito de disputar a reeleição para o comando da Casa.
Na sessão de ontem, o deputado Agaciel Maia (PTC) disse estar feliz com a reaproximação entre Celina e Rollemberg. A presidente não desmentiu o parlamentar no Plenário, mas à reportagem disse que o colega está “muito desinformado”. “Não teve nada disso”, cravou.
Sobre as articulações para a votação da emenda em segundo turno, ela diz que o assunto não está na pauta. “Nem estamos discutindo isso”, garante.
Mas, se ela fizer as pazes com o governador, sobem as chances de dois deputados (Luzia de Paula, do PSB, e Israel Batista, do PV) que votaram na emenda em primeiro turno permanecerem a favor da emenda. E, de quebra, ela ainda teria a possibilidade de garantir um voto novo: o de Juarezão (PSB).
O apoio de Roosevelt Vilela (PSB), o governador não poderia garantir, já que o titular do mandato – Joe Valle (PDT) – voltaria à Casa ao menor sinal de ameaça. Além de ser contra a recondução de Celina ao posto, ele tem claro interesse de se candidatar ao comando da Casa também.
12 garantidos
Celina precisa de 16 votos para passar a proposta de emenda à Lei Orgânica. Teria 12 garantidos, já que quatro que votaram em primeiro turno não estariam fechados com ela para a segunda etapa. Israel e Luzia porque devem fidelidade a Rollemberg e Cláudio Abrantes (Rede) e Ricardo Vale (PT), porque seguirão orientação partidária de se posicionar contra o pleito de Celina.
Com os três possíveis votos que o governador poderia trazer, ela somaria 15 apoios. Mas, ainda assim, precisaria do 16º. Aí é que entra a representação contra Liliane, que é inflexível com relação ao assunto. E não votaria em Celina, em hipótese alguma. A menos que um processo de cassação de mandato a ameaçasse. Será? Pessoas próximas à filha do ex-governador Joaquim Roriz garantem que ela jamais ficaria a favor da emenda.
A representação contra Liliane já seguiu tramitação, diferentemente de texto semelhante, protocolado no ano passado, que foi sumariamente arquivado. Celina disse que tomou a decisão de encaminhar o texto à Procuradoria da Casa por haver fatos novos relatados.
Em nota, a deputada do PTB diz que o texto, protocolado na semana passada, “contém argumentos iguais aos alegados em representação protocolada anteriormente na Casa, já arquivada”.
Retaliação para quem?
1 Recentemente, o governador Rodrigo Rollemberg tem retaliado os deputados da base que não estão fechados com o Palácio do Buriti. Primeiro, exonerou os cargos indicados pelo distrital Lira (PHS), depois que ele propôs e conseguiu emplacar uma CPI para investigar a saúde pública no DF. O deputado do PHS também se juntou a outros sete no “Blocão da Celina”, o que teria irritado o Buriti.
2 A ameaça agora se dirige ao deputado Cristiano Araújo (PSD), que já recebeu o recado de Rollemberg: os comissionados da Administração Regional do Riacho Fundo I serão exonerados. Além de fazer parte do “Blocão da Celina”, Araújo está na sub-relatoria da CPI da Saúde.
3 Os cargos de Celina Leão, no entanto, permanecem intactos. Mesmo quando o administrador regional de Sobradinho II, Estevão Reis, quis devolver o cargo, o governador se recusou a aceitar. Ligado a Celina, Reis permanece no cargo. Assim como todos os outros indicados pela presidente da Câmara Legislativa.
Autora de ação fez dobradinha com presidente
A representação que pede a cassação do mandato de Liliane Roriz chegou à Câmara Legislativa um dia depois de o Tribunal de Justiça do DF aceitar denúncia por lavagem de dinheiro contra ela. Segundo o Ministério Público do DF, a deputada recebeu dois apartamentos do Residencial Monet, em Águas Claras, que seriam frutos de crimes contra a administração pública.
De autoria da ONG Adote um Distrital, o texto é assinado por Jovita Rosa, que foi candidata a deputada federal pelo PDT. Ela não foi encontrada pela reportagem para comentar o assunto, mas apareceu, nas últimas eleições, em material de campanha, fazendo dobradinha com Celina Leão no pleito passado. Ela também seria ligada ao senador Cristovam Buarque (PPS).
Na representação, a ONG aponta que Liliane soma três condenações: por facilitar empréstimos no BRB em troca de imóveis; por irregularidade em locação de veículos; e por corrupção eleitoral e falsidade ideológica.
Millena Lopes